O
inicio da jornada foi pelo corpo – o cansaco era fenomenal, sem explicação –
porem, minha mente atribuía ao excesso de trabalho.
Ate
que, uma bola no pescoço foi crescendo - e, com a suspeita de uma infecção, medicada,
apos uma semana, tudo voltou ao normal. Em partes.
Dias
depois, a bola voltou a crescer – agora, com mais intensidade – e o cansaco,
aumentando! Preciso trabalhar menos, eu pensava.
Mas
decidi ir a minha medica – afinal, ja era tempo de passar para um check-up. Com
a suspeita de um tumor, fui ao medico indicado.
Cheguei
no consultório, e fiquei confusa – o que estou fazendo no consultório de um
oncologista? Oncologista cuida de câncer?
Me
sentia confusa, era como se a realidade externa estivesse longe e desconectada
de minha essência.
Entre
muitas consultas e exames, levava a minha vida de trabalho, lazer, estudos, e
sentia que tudo aquilo era apenas parte da rotina.
Chegou
o diagnostico – cancer!!! Um linfoma....
A
reviravolta – em 15 dias, fiz duas cirurgias, e iniciei a quimioterapia – e a angustia,
nao pela doença em si, mas por toda a mudança que ela gerou em minha vida –
tive que me desfazer de minha casa, mudar de cidade (fui morar no interior, na
casa de meus pais), abandonando sonhos, projetos, perpectivas que estavam além,
muito além da doença – e, assim, vi minha vida desmoronando.
Nao
tive muito tempo para pensar – a “urgência” de se iniciar o tratamento me levou
a nao pensar muito em possibilidades – fui “conduzida” no caminho de uma
quimioterapia – afinal, qual o outro remédio para um cancer? Eh ficar careca,
debilitada, rendida em nome da cura.
Mas,
ainda assim, nao conseguia realmente perceber que estava doente – tinha apenas
uma bola no pescoço, disfarçada com muitos lenços, que foi retirada em uma
pequena cirurgia.
Primeira
quimio, me sentia muito bem! Doente, eu? As pessoas me diziam – nossa, você vai
ficar bem.... e eu realmente nao entendia – como assim, estou bem, estou
ótima..... Precisava ser, e me mostrar, forte!
2a.quimio,
cabelo curto – novo visual – e a confirmação : VOCE VAI FICAR CARECA!
Meu
mundo caiu, a doença se materializou, e meu coração chorou....
Ali,
realmente desabei em meio a todos, e, despida de todas as mascaras, me permiti
chorar minha doença. Eu ainda tinha esperança de nao perder os cabelos. Tive
muitos sentimentos misturados – alegrias, vazios, dores, sofrimentos, confusão,
duvida, mas, naquele momento, precisava VIVER!
E o
meu conhecimento de vida era trabalhar, estar com a família, amigos - e minha família foi a base para esta caminhada - e sou imensamente grata a cada um deles, meus pais, minha irma Priscilla (guerreira, companheira, amiga, parceira da perda de cabelos), e meus irmãos Patricia e Marcello.
Mas, a busca para responder a questão continuava : quem, afinal, sou eu? E agora, com mais
perguntas : o que eh esta doença em minha vida? O que tenho que aprender com
tudo isto?
E
nesta busca me deparei com a Ayurveda e decidi retomar o Yoga – e ali, entre os
asanas e a busca do algo a mais que o Yoga podia me proporcionar, cai em
Vedanta.
Tudo
isto entrou na minha vida pela busca da cura – física, e também, da alma.
Confesso
que, a medida que estou estudando, ainda me sinto confusa, sem realmente
entender o que estava sendo dito – e isto eh frustrante.
Nao
desisti, na certeza de que, apesar do mundo continuar o mesmo, as pessoas e
situações serem as mesmas, eu estou modificando minha consciência presente a
cada momento, entendendo que tudo que esta fora eh circunstancial e nao abala
meu EU que simplesmente eh, em essência.
E
este caminhar requer dedicação, esforço, disciplina e o entendimento de que a
vida eh como eh – e que eu JA sou aquilo que busco ser!